segunda-feira, 16 de abril de 2007

Manhê

O assunto é o mesmo da televisão, rádio, jornal, revistas, grupos de mulheres, religiosos e políticos: As recentes declarações do ministro da saúde, José Gomes Temporão, favorável a um plebiscito sobre a legalização do aborto.

Isso não vai mudar muita coisa, o buraco é mais em baixo da barriga e todas as discussões são levadas à base de tudo: educação. Se esses mesmos políticos se preocupassem mais com a educação, muitas mulheres talvez tivessem a capacidade de decidir sobre a vida dos filhos antes de fazê-los ou não se preocupariam tanto com o futuro delas e dos filhos. Mas se é pra dizer se deve liberar ou não, então vamos lá.

Não é porque uma coisa é proibida que as pessoas deixam de fazer. As mulheres de classe média, quando decidem interromper a gravidez indesejada, procuram uma clínica particular, onde são bem atendidas, e o procedimento, com anestesia, acaba sendo bem tranqüilo. Outras passam por um processo doloroso e arriscado em clinicas clandestinas. Sinceramente, acho que toda dor sentida por uma mãe no ato do aborto é pouco pela crueldade que está fazendo ao filho. Eu já assisti a um vídeo no colégio mostrando o momento do aborto e os procedimentos. Vi um nenê sendo sugado e morto e a mãe saindo da clínica satisfeita e livre de preocupações maternas. É muito cruel.

Acho que na atual situação do país muitas dessas crianças indesejadas se tornam meninos de rua, assaltantes e assassinos. Então quem sabe assim essa discussão não nos leve a uma outra, onde bandidos como Fernandinho Beira Mar, Elias Maluco, o assassino de Laís e tantos outros não devem permanecer na cadeia e sim perto de Deus onde terá o castigo merecido. Não tenho a intenção de comparar um bebê que nem teve o direito de aproveitar um pouquinho do bem bom da vida a estas pessoas citadas, então vamos voltar ao assunto.

Eu sou católica, rezo Pai Nosso e vou à missa. Sei que se acontecesse comigo seria da vontade de Deus ou da burrice minha e mesmo assim não teria coragem de fazer isso, nunca. Mas não acredito que uma vida se inicia no ato da fecundação, quando ainda só existem poucas células que ainda não sentem dor e não acreditei quando ouvi o absurdo da ignorância quando uma mulher entrevistada disse que a pílula do dia seguinte é um ato de aborto!

Também não acho que liberando o aborto as mulheres vão se preocupar menos com os métodos pra evitar esses filhotes indesejáveis. Acho que quem sempre se preocupou vai continuar se cuidando e quem sempre abortou vai continuar abortando! Tudo vai continuar na mesma, a diferença é que clínicas clandestinas vão ser mais fiscalizadas, crianças que poderiam morrer de fome, vão morrer quando ainda não sentem dor e os orfanatos não vão estar tão lotados e precisando de leite. Só espero que as mães tomem essa decisão cruel antes do filhote se formar e antes que realmente sintam qualquer tipo de dor.

Eu não defendo o aborto, Clarissa, defendo a liberdade de decisão das mulheres, das mães. Acho que a mãe pobre tem o direito de não querer passar fome nem ver o filho passando. Acho que a mãe rica, que apenas não lembrou de tomar o contraceptivo, deve saber o que está fazendo quando toma uma decisão dessas. Acho que mães cometem erros imperdoáveis simplesmente pra evitar coisas ruins para os filhos, assim como aquela mãe que matou um filho drogado que roubava e batia nela. Acho sim que mãe tem total liberdade de decidir sobre a vida dos filhos, desde que elas sejam mentalmente saudáveis, são mães e sabem o que estão fazendo. Entendeu agora?

Luciana

2 comentários:

Anônimo disse...

Os católicos que me desculpem, retórica é uma conheço que conheço bem e que não é ponto favorável aos que seguem a religião de Bento XVI. Dizer que as mulheres de classe média fazem aborto com tranquilidade nas clínicas particulares? Que a anestesia é boa? Tenho uma amiga que quase morreu quando foi fazer um aborto.E a clínica era boa, o médico era experiente. Acidentes podem ser evitados, concordo! Quem não concorda é Bento XVI, que diz a vcs, fervorosos, para não usar camisinha. E o pobre do ministro é que paga a conta!

Anônimo disse...

Talvez, por não ter o costume de escrever, meu texto não tenha ficado muito bom. Acho que não defendi com unhas e dentes meu partido e fui mal interpretada.

Sou contra o ato, mas acho que apenas os pais podem decidir sobre a vida dos filhos. Meu partido é a favor da legalização do aborto e principalmente da prevenção.

A questão de Bento XVI e os métodos contraceptivos fica pro próximo post. Até porque católicos que obedecem são os mesmos que só têm relações sexuais após o casamento. Já os fervorosos como eu... Nem te conto!